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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A Raposa enganada pelo Rato

Houve uma época em que acreditava que a caridade, a generosidade e o caráter eram fatores importantes na vida de uma pessoa.
Ainda acredito nisso, mas com cautela.
Fui educada para ser sempre uma pessoa generosa, a ajudar quem precisa de ajuda e sempre fui prestativa. Na escola eu dividia meu lanche com quem não levava nada e chegava a pagar, ainda faço isso. Creio que se posso dar, não custa fazer alguém feliz.
Mas isso gerou abusos, muita gente me vendo como "trouxa" fazia de mim a "patricinadora" de eventos egoístas. Tinha vontade de dizer não, mas não o fazia; observava calada as pessoas rirem de mim por ser generosa. Nunca fui trouxa, eu sabia o que fazia e ofertava porque não me fazia falta, ao passo que aos outros faltava muita coisa, incluindo o caráter.
Me colocar em segundo plano era algo tão natural que não percebia até o dia que conheci um Rato. Não o rato "fofo" de animação, como Ratatouille, esse que conheci era como esse da foto.


Na fase "fazer o bem sem olhar a quem" apareceu esse indivíduo que viu em mim uma pessoa fácil de enganar (não estava no momento Raposa, mas Criança).
Casado, pai de 3 filhos, se dizia desesperado para pagar uma conta de cartão de crédito e crendo que ganhava mal eu decidi emprestar o dinheiro.
No início achei que era papo de malandro, tive certeza de que estava querendo tirar vantagem e não dei bola, fiquei na minha.
Depois ele voltou a tocar no assunto, então fiz a bobagem de oferecer o empréstimo e ele foi categórico em sua negativa, "jamais pegaria dinheiro na mão de uma mulher".
Dias depois me perguntou se a oferta estava de pé, disse que sim e por ser uma quantia baixa, lhe emprestei.
Dia seguinte conheci o filho mais novo, estava sujo, com cara de fome e maltrapilho. Ali começou o meu inferno: a piedade pela situação da criança fez com que eu virasse agência bancária.
Esse sujeito é tão sem caráter que não hesitou em usar o filho para me comover.
Depois desse primeiro empréstimo pediu outro sem pagar o primeiro, pediu mais um e lhe perguntei como é que tinha tanta cara de pau em me pedir mais, então me disse que assim que recebesse o décimo terceiro me pagaria tudo de uma vez.
Pois bem, fui "trouxa" por 16 meses.
Paciência é outra virtude que tenho e não comentava nada com meu namorado para evitar brigas, mas calhou que a Providência Divina resolveu dar um basta nas ações do bandido (para mim qualquer pessoa que abusa da boa vontade alheia é bandido, não creio na história de que é trouxa quem ajuda, o caráter da pessoa fala por si). Meu namorado foi trabalhar na mesma empresa que ele e fizeram amizade e foi assim que fiquei sabendo que o canalha se gabava de seu "caixa 2". 
Ao descobrir tudo eu dei um basta definitivo e exigi todo o meu dinheiro, afinal eu pensava ajudar alguém com reais necessidades e não um marginal.
Mas ele mostrou que realmente não tinha e nem tem caráter.
Sentido-se acuado foi contar a versão dos fatos para a esposa, me colocou como uma mulher carente que estava querendo algo mais.
Além de levar meu dinheiro tentou macular minha honra. Isso porque esse cidadão é evangélico de frequentar culto com bíblia debaixo do braço. Posa diante de todos como marido honrado e pai dedicado, um homem limpo e temente a Deus, mas adorava pornografia e enchia meus ouvidos com conversas fiadas ao dizer que era infeliz no casamento, mas quando eu falava que a lei do divórcio existe há séculos, desconversava e eu ria, dizia a ele que se estava infeliz, desse à "esposa má" a chance de ser feliz com outra pessoa.
Fez de tudo para me seduzir, mas isso não conseguiu. Prezo muito homens com gosto refinado e principalmente com caráter. Se o ajudei foi mais por causa do filho, ou melhor, por causa das mentiras que ele contou sobre o filho. Criança não causam mais comoção, não mais como antes, principalmente se tiver pai e mãe que gostam de contar vantagem.
Há males que vem para o bem, graças a Deus.

Esse cidadão desprovido de caráter personifica bem o Rato Lenormand, que é o símbolo do roubo, da pessoa baixa, vulgar e mentirosa.
Aprendi com esse ser que não se deve fazer o bem sem olhar a quem. É necessário sermos cautelosos com quem nos pede ajuda para não sermos puxados para seu hábitat porque nem sempre dá para fugir do cativeiro.

Hoje ele baixa a cabeça quando me vê. Se fosse uma pessoa digna me pediria perdão por tudo e reconheceria sua falta de caráter, mas quem não tem caráter não tem dignidade.

Isso aconteceu por eu ter tido pena de um motorista de ônibus, por isso eu peço que sejam cautelosas; de coitados eles não tem nada. A maioria mente para tirar vantagem, concorrem entre si o título de "pegador" e se acham irresistíveis. Felizmente só caí no papo furado de "esfomeado" de um. Outros tentaram me dar golpe, mas não obtiveram êxito.

E depois de toda a confusão eu recebi a maior parte do que me era devido.

Deixo claro que ajudei porque eu quis, mas acreditando ajudar uma pessoa de caráter.
Muitas pessoas julgam sem a menor empatia, pois é fácil ser pedra, difícil é ser vidraça.
Assim como eu muitas pessoas foram enganadas.
Eu tenho consciência dos meus defeitos, mas sei quais são minhas virtudes e uma delas é a de não tirar proveito de quem quer que seja.
Como bem disse minha irmã, o pior bandido é aquele que pergunta quanto você ganha e não o que te leva a carteira.

Em nenhum momento eu fui "trouxa", ele é que foi canalha.

Bom dia à todos.

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